#17/2021 - Cidade Infecta, Teresa Veiga: também não contagiou.
Editora Tinta da China
172 páginas
Façamos como em alguns títulos dos livros, que anunciam logo ao que vão, indicando a morte da personagem principal, por exemplo: não gostei! Pronto, venham daí dizer que eu não percebo nada de livros, pode muito bem ser verdade. Posso ser uma ignara, mas não gostei, até senti uma ligeira irritação.
Tudo neste livro me pareceu ora gratuito, ora forçado. As personagens parecem perdidas e desconectadas umas das outras. Talvez houvesse ali matéria para fazer melhor, talvez a ideia tenha potencial, talvez haja ali umas personagens com algum interesse, como o anódino funcionário público, que se revela no final, num jogo de luz e sombra que deixa o leitor a preencher o texto lacunar, doseando - talvez o melhor do livro - aquilo que se diz e aquilo que se deixa a pairar.
Depois falta convicção, nenhuma destas personagens é convincente, nenhuma delas é inesquecível, nenhuma delas marca, nenhuma delas supera a sua condição de seres feitos de palavras. Decerto ninguém irá a Oliveira à procura daquelas casas, imaginando aquelas vidas de papel, acreditando que a sua força as faz vivas. Nem o adolescente, nem as duas mulheres, nem os casamentos, nem as profissões (a professora, então...), nem personagens tipo chegam a ser. Parece-me tudo uma coleção de lugares comuns. Mesmo o spaço, supostamente sufocante, supostamente infecto, nem uma alergia chega a causar
Se calhar não percebi nada, se calhar não era tempo desta leitura, se calhar perdi o dinheiro que paguei pelo livro. Se calhar devia ter ficado calada.
Leiam à mesma, eu posso estar em dia não e ter tido um derrame da veia cáustica. Vá, pelo menos lê-se bem, mas não como um romance.