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Livros para adiar o fim do mundo

Um cantinho para "falar" de livros, para trocar ideias, para descobrir o próximo livro a ler.

Um cantinho para "falar" de livros, para trocar ideias, para descobrir o próximo livro a ler.

Livros para adiar o fim do mundo

23
Jul20

#27/2020 - A Educação de Eleanor

livrosparaadiarofimdomundo

Wook.pt - A Educação de Eleanor

Porto Editora

328 páginas

 

Tenho lido pouco, muito, muito pouco. Como desenvolvo sentimentos de culpa quase por respirar, tenho-me sentido culpada. 

A Educação de Eleanor foi o último que li. Começou a um ritmo muito bom e depois de repente foi isto, parei, bloqueei e tenho vegetado mais ou menos estupidamente quando chega a casa. Às vezes, nem tento.

É um livro que recomendo, muito pela construção da personagem de Eleanor, mas também pela forma como o narrador consegue ir levantando o véu acerca da personagem ao mesmo tempo que a própria persongem empreende o caminho no sentido de se libertar dos traumas e medos do passado, aceitando abrir a sua vida a outras pessoas, o que lhe vai permitindo conhecer-se, aceitar-se, lembarar-se e perdoar-se. É uma história bonita, interessante, envolvente, que, efetivamente, nos prende. Dica muito importante: não vá ler as últimas páginas, só porque se entusiasmou, digamos que há ali um pormenor que convém não perceber antes do tempo. Esta dica é muito, muito importante. Eu sei, porque li as últimas páginas e ainda hoje não me perdoei.

Eleanor tem uma visão do mundo e dos outros muito particular, que surge expressa numa linguagem corretíssima, educadíssima. No entanto, essa visão é desconcertante, porque a Eleanor é desprendida da opinião que os outrso possam ter dela, ainda que ela tenha opiniões muito asserivas acerca dos outros. Mas é também um pouco naif, tem muito medo e ergueu à sua volta toda uma complexa estrutura cujo único objetivo é protegê-la do sofrimento que a "estragou", ao mesmo tempo que se dedica a expiar uma culpa misteriosa, que é preciso ler o livro para perceber.

Ora aí está ma coisa que aprecio num livro: as personagens fortes, verossímeis, humanas. Vou fazer uma galeria de personagens. Já lá tenho a Maria Eduarda, a Britt-Marie e agora a Eleanor.

Se procura uma quase leitura de verão, em que as coisas sérias vêm embrulhadas num papael bonito, não hesite, espreite a educação de Eleanor. Quanto a mim, vou tentar ler um bocadinho. 

23
Jul20

Post sem livros lá dentro #4

livrosparaadiarofimdomundo

Sou uma pessoa de bloqueios. Quando desenvolvo um, nunca mais me livro dele.

Há sítios onde deixei de ir, casas onde não entro, a menos que tenha de salvar alguém e mesmo assim... Hoje apetecia-me pizza para o jantar, mas, como não estavam reunidas as condições para conduzir até à pizzaria e esperar no carro enquanto uma das crias ia buscar a pizza, comi sopa de peixe que havia em casa. Não consigo ir buscar pizza, acho logo que o esforço é demasiado. Não sei.

Serve esta introdução para dizer que não vinha ao meu blog há muito tempo e fui percebendo que isto corria o risco de ser um bloqueio dos meus, depois abandonava isto e, de cada vez que visse a palavra blog a cruzar-se comigo, sentiria um aperto no coração, outro no estômago, porque teria consciência de que tinha deixado alguma coisa para trás.

Hoje vim aqui. Escrevi estes pensamentos soltos, regressei a mim, ao gosto de escrever e vou pensando nos gestos. As teclas são suaves, deixo as palavras fluirem da mente para as pontas dos dedos. Vou divagando. Penso nas plantas e imediatamente me vem à memória - como as madalenas do proust - os versos de Ricardo Reis: "Segue o teu destino,/Rega as tuas plantas,/Ama as tuas rosas./O resto é a sombra/De árvores alheias./A realidade/Sempre é mais ou menos/Do que nós queremos./Só nós somos sempre/Iguais a nós-próprios. O que eu gosto destes versos, o que eles me inspiram da placidez de Reis, da mediocritas clássica. É um anseio, um sonho, abdicar e ser rei de mim mesma. Como é que isso se faz? Como é que nos deixamos ir, tratando tudo como "a sombra de árvores alheias".

E penso nisto, na lição de Reis, e desce sobre mim essa calma e penso que podia desenvolver um bloqueio às resposabilidades que me esmagam, ao trabalho, à dificuldade em respirar normalmente.

Vou procurando nichos nos dias: bebo o café à janela aberta, sinto a frescura da manhã e contemplo as plantas. Hoje o hibisco tinha uma flor exuberante, à noite quando regressei aquela florescência tinha mirrado. Efémera, breve, frágil. Que lição de vida! Quando conduzo, embedo-me da luz destas manhãs de verão. Gosto do verão, por causa da luz, do ar, do contraste entre o calor e a frescura. Sento-me lá fora enquanto o dia cai e escuto os pássaros doidos a cantar e a acomodarem-se nas tileiras. Os cães ladram doidos por não os poderem alcançar e tenho um daqueles momentos em que sinto que a vida está "arrumada", tudo encaixa e enfim repousa/repouso. Bebo o chá, preto, forte, à inglesa, com uma nuvem de leite, mesmo nos dias quentes devolve-me alguma coisa beber aquele chá.

Coitado de quem hoje cair na asneira de me ler. Só espero que não crie um bloqueio, já eu, quebrei um. 

 

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