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Livros para adiar o fim do mundo

Um cantinho para "falar" de livros, para trocar ideias, para descobrir o próximo livro a ler.

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Livros para adiar o fim do mundo

19
Fev22

#1/2022 - Itália, Práticas de Viagem, António Mega Ferreira: das práticas à viagem

livrosparaadiarofimdomundo

Wook.pt - Itália - Práticas de viagem

Sextante Editora

280 páginas

Tanto para dizer...

1. Lembro-me muito bem do António Mega Ferreira desde a sua crónica no Expresso, que li sempre interessadamente. É, para mim, o senhor Expo 98. Há tempos, cruzei-me com um romance escrito por ele e Mega Ferreira é ainda o autor do prefácio da edição da Leya de A Guerra do fim do Mundo, deVargas Llosa, mais um leitura que não é possível contornar. A última referência a este autor foi não sei quando nem sei onde, mas ficou uma reminiscência sobre um livro relacionado com a Itália e o apreço como foi referido. Essa reminiscência ficou a fermentar e, numa das últimas idas a uma livraria, cruzei-me com o livro sobre o qual incide este post em promoção, uns passinhos mais à frente, o outro, tinha de ser o outro da tal referência, que é Crónicas Italianas. Como sempre numa livraria e quando estou sozinha, acabei com um verdadeiro braçado de livros, que pousei e fui buscar de novo, e não quero saber, a vida é tão breve, mas tens tantos livros para ler, e daí... Acabou por prevalecer o bom senso e trouxe apenas estes dois de Mega Ferreira... não trouxe um terceiro sobre Roma, porque não estava lá. 

2. Nada arrependida da decisão tomada. Este livro tem a minha cara, é o meu nome do meio, decidiu o destino das  minhas férias de verão, e o livro em si é um lugar maravilhoso. As práticas de viagem do autor incidem sobre diferentes lugares de Itália e esse país petaloso emerge com as suas cores ocre, a sua sprezzatura, a sua comida, os seus monumentos, testemunhas de séculos de história da Arte e da Literatura, da música e do cinema italiano. É ler um livro pela primeira vez e regressar a lugares que, embora conhecendo, nos escaparam. É um circuito arredado das grandes massas de turistas, feito de capelas e igrejas retiradas, de quadro e frescos quase secretos, de poesia declamada na frescura de um claustro, de biografias criativas, de textos fundadores.

3. Bolonha, Florença, Siena, San Giminagno, Roma, Ferrara, Trieste, Ravena, Veneza... Dante, Petrarca, Rafael, Giotto, Botticelli, Miguel Ângelo, Caravaggio, Giordio Morandi, Montaigne, os Médici, os papas, Bernini... marcas portuguesas em Itália, os cafés, as bibliotecas, a história, as curiosidades... daí que persista a sensação de que até são lugares onde estive, em sentido lato, mas não estive, porque me faltavam as chaves para olhar que este livro nos entrega. 

4. Diz que é um livro de viagens, mas é muito mais do que isso, é Educação Visual, é um tratado de erudição e de cultura, é inteligência, é atenção e sensibilidade. É um livro de uma riqueza enorme, que desafia, que transborda das suas páginas, que esmaga pela sabedoria que dele extravasa, que é humanista no seu apreço pela arte como forma de superação e de aperfeiçaomento individual.

5. Por isso, tenho de regressar a Itália, mais viajante e menos turista (que nunca fui verdadeiramente...), mais para estudar do que para olhar, mais para ver do que para apenas passar e deixar, gravadas na retina, não apenas as imagens, mas, transformando-as em meórias, aprorpriar-me da lição da história e do humanismo, tornando-me mais sensível, mais atenta, mais empática. É todo um processo de aperfeiçoamento pessoal para o qual este livro me desafia, renovando os votos que, muito cedo, fiz para com a pintura, a arquitetura,  a literatura e a escultura, procurando nas obras primas sublimar o anódino quotidino em que se esvai a nossa existência.

6. Fiquem atentos ao último texto, é tão bonito.

6. Segue-se, de imediato, Crónicas Italianas, só para confirmar. 

03
Fev22

Escrita em atraso: ensaio para um regresso

livrosparaadiarofimdomundo

Há tempos que não vinha aqui.

Parte de mim foi atingida por uma segunda vaga de compromissos profissionais que assumi e que fizeram das coisas de que eu gosto(ler e escrever) reféns dessa outra forma de vida.

Apesar desse coma de escrita/leitura - ler como quem respira, escrever como quem expira -, o universo manda-me sinais de que devo/possocontinuar.

Há dias, fui contactada pela orientadora das duas teses que fiz a lembrar-me que continua a acreditar em mim e a querer que eu continue a trabalhar da forma como garante que eu sei, a querer que eu volte a produzir, dizendo-me que ainda sou jovem e que ainda tenho tanto para dar. E eu fico perplexa.

Hoje regressei a este lugar, tem sido quase impossível vir aqui, a minha energia tem-se gasto noutras latitudes. Não é que me deem menos gosto, não é que não sejam importantes, não é que não tenham um papel social que me é muito grato, mas não é um papel criativo... ou é, às vezes até é, de outra maneira, mas é. E tive uma surpresa enorme. Parece que um dos meus posts de 2021 mereceu destaque da equipa do sapo blogs. Que orgulho senti, que baque no estômago. Não escrevo há tanto tempo e isso deixa-me tão triste. Obrigada Sapo pelo "sucesso editorial".

Desde sempre quis fazer da escrita uma forma de vida. Imagino-me romanticamente ensimesmada no labirinto da escrita, a viver disso a respirar essa forma de viver. Mas a vida é como um oceano, fui apanhada por outras correntes, queria aportar em Ítaca e fui ter à Madeira. O meu sonho tinha uma espécie de misticismo e saiu-me a trivialidade. Um dia, a meio de uma conversa, desabafei afirmando que não me imaginaria a gerir uma empresa e é quase isso que faço agora: sou diretora de um mega agrupamento de escolas. A educação, ser professora, é outro dos meus sonhos, dos lugares onde sempre quis estar, mas esta forma de estar é muito burocrática, embora o tédio não me assista e haja momento de grande compensação. 

Mas eu queria mesmo era escrever. Por isso ensio este regresso, por isso prometo a mim mesma voltar aqui e permitir-me este simulacro de ateliê e, como sempre, torcer para que aqueles que um dia me leram continuem a querer fazê-lo. O meu blog diz-me que tenho 74 resistentes que seguem esta página, é um critério de sucesso, tenho a certeza. 

 

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