Da série Escritores com nomes estranhos, que não sei pronunciar, chega Os peixes também sabem cantar. Do prémio nobel islandês, Halldor Laxness, este livro é uma pequena maravilha. Narrado a partir do ponto de vista de Alfgrimur, criança abandonada pela mãe, mas criado por uns avós adotivos que se encarregam da sua educação, cercando-o de um amor que se manifesta em pequenos gestos. Laxness é um escritor com humor, havendo episódios verdadeiramente hilariantes, e o humor, ainda por cima inteligente e subtil, convence-me sempre. A visão inocente e naif sob a qual se filtram as vidas das pessoas que habitam Reykiavique no início do século XX, é um manto diáfano de fantasia que torna este livro uma delícia de ternura e humanismo. É um livro mesmo muito bonito. Além disso, é verdade que os grandes escritores acabam por ser influencers que não aparecem nos tik toks, mas deixam a sua marca nas gerações que se seguem. Ao ler este livro, percebi que já tinha pressentido Laxness em outros escritores, islandeses e não só. Recomendo a todos aqueles que esperam de um livro algo mais do que uma boa história. Também é viagem até às paragens inóspitas de uma Islândia quase mítica para nós meridionais, do sol, da luz e do calor. É literatura, senhores, e da boa. Recomendo muito, pois claro.