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Livros para adiar o fim do mundo

Um cantinho para "falar" de livros, para trocar ideias, para descobrir o próximo livro a ler.

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Livros para adiar o fim do mundo

29
Set22

#6/2020 - O Regresso dos Andorinhões, Fernando Aramburu: como do muito se fez muito

livrosparaadiarofimdomundo

O Regresso dos Andorinhões

D. Quixote

802 páginas

Vir aqui hoje, ou (re)vir, provocou-me algumas reflexões:

1. Será que ainda está na moda escrever em blogs? A esta primeira inquirição respondi com um encolher de ombros. Quero lá saber! E concluo que escrevo tanto para mim como para quem me queira ler. Conforme o texto flui ouço na minha cabeça as palavras que me dito (medito?) ao mesmo tempo que imagino os meus putativos leitores. O sarcasmo corre-me nas veias e tenho de dizer que me é difícil imaginar leitores, de maneiras que escrevo para mim, num blog, paradoxalmente à espera de ser lida, se assim não fosse escreveria à margem de uma qualquer folha.

2. Talvez seja melhor fazer já um desmentido, vá, este ano não li só seis livros, li mais do que isso, mas não vou agorar por-me aqui a vangloriar-me disso. Comecei este blog para falar de livros e li mais por causa de escrever sobre o que lia e, quando lia, sentia-me no dever de escrever, nascendo daí uma rotina de que gostava. Depois, recorrendo a uma expressão de que gosto, fui ultrapassada pela direita e o ferido que resultou do embate foi a minha disponibilidade para escrever. Hoje, aqui, presente no que escrevo, penso: gosto tanto de escrever como de ler. Deus, se puderes, dá-me tempo...

3. A terceira reflexão escrevo-a hoje, mas ocorreu-me em junho. Como é que sei que foi em junho e ainda por cima no dia 11 de junho? Porque estava em Braga na livraria Centésima Página, onde vi pela primeira vez este livro de Fernando Aramburu e pensei: será que este senhor escreve a metro? Porque estas oitocentas páginas andam próximas da dimensão do Pátria, de que gostei muito. Nesse dia, não comprei este livro, mas como ele estava inscrito no meu destino, comprei-o não sei quando... e li-o de um sorvo. Não é para me gabar, mas comprei-o a uma sexta e acabei de o ler na terça-feira seguinte.

Apresentadas as reflexões prévias, vamos ao livro O Regresso dos Andorinhões. A personagem do livro é Toni, um professor de filosofia, que resolve suicidar-se, definindo um prazo para o fazer e preparando tudo para que os seus afetos, livros, a cadela, os amigos e família não se perturbem demasiado com a sua ausência, que ele crê não vir a ser muito sentida, a não ser pela cadela. "Credo, Manuela, que raio de leitura! Tens a certeza que estás bem?" Estou, sim senhor. é que Fernando Aramburu constrói uma narrativa poética, encantatória, fluida  e viciante, que se lê como quem planeou suicidar-se a prazo. 

Gostei mesmo muito deste livro, há nele tanto da nossa repetida e vivida fragilidade humana. É uma dissecação daquilo de que todos somos feitos, nas pequenas graças e desgraças. é um foco de luz que incide sobre aquilo que distingue a forma como olhamos o mundo, desencantada, otimista, esperançosa ou dissimulada, para que ninguém saiba das nossas fragilidades. 

É um livro bonito... como a vida quando regressam os andorinhões.

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