#6/2021 - O Chefe de Estação Fallmerayer, Joseph Roth, pequenos prazeres
Editora Assírio e Alvim
Páginas 73
Este livrinho tinha ficado na minha mira desde o dia mundial do livro no ano passado, quando, como já referi noutros textos, o Sapo publicou uma lista de livros que eram "grandes", sendo pequenos. Este, parece-me, deve ser o mais pequeno da lista. O volume tem 71 páginas, mas a história propriamente dita tem cerca de 50.
Não posso fazer um texto muito grande, senão arrisco-me a fazer uma recomendação maior do que o próprio livro. Se tem uma horinha livre e não sabe o que ha-de fazer, pegue neste livro, o tempo vai ser muito bem empregue. É mesmo daquelas obras em que menos é mais. A hostória é simples e podia resumi-la em duas linhas, mas não o vou fazer, é preciso chegar a este livro como quem chega a uma estação de comboio desconhecida, apeando-se num lugar ermo, deixando-se impregnar pelo ambiente, pelo perfume, pelo mistério.
É a história de um homem comum a quem o destino dá a oportunidade de ter uma vida incomum. A escrita, através da qual a narrativa nos é servida, é minimalista. Quase sem enredo. É como um apontamento, linhas orientadoras para escrever um romance. Está lá tudo: um acontecimento inesperado que lança os protagonistas no enredo, a força avassaladora do amor, a vontade férrea de o viver, a guerra, o perigo, a salvação, a realização e o desfecho. Há uma frase que permite perceber o estilo que tento descrever: "Foi incorporado. Foi para guerra. Lutou. Foi um soldado valente." Podia ser o resumo de Guerra e Paz, de Tolstói, mas é um período deste livro que "descreve" alguns anos da vida da personagem. A obra é assim, em estilo de sumário. Daí que se leia muito bem, apesar do seu tamanho diminuto, é um enorme prazer, mas, sabendo apouco, surpreende-nos que não precisemos de mais.
Vou emular (sempre quis usar este verbo) o autor: Compre/peça emprestado/requisite na biblioteca. Leia. Surpreenda-se. Guarde para sempre. Recomende.