Apontamentos para um diário de COVida#2
Sim, também eu estou em teletrabalho!
Declaração de interesses: sou professora, com muito orgulho. Ensinar, dar aulas, orientar alunos, o que lhe quiserem chamar, é mesmo o que eu gosto de fazer.
O COVID-19 separou-me dos meus meninos (a verdade é que são alunos do 12º ano), mas são os meus meninos. Estão num ano decisivo das suas vidas e, de repente, ficaram sem chão.
No último dia em que estive com eles, presencialmente, uma das minhas meninas chorava copiosamente, não consegui consolá-la. Tinha tanta razão, pertencem à geração que fez exames do 4º ano, exames do 6º ano, provas de aferição, Decreto- Lei 55... e o COVID-19. Dizia-me que trabalhou tanto para poder ir à viagem de finalistas, tinham tantas expetativas e, ainda por cima, o teste de Matemática tinha corrido mal. Afastei-me dela também com lágrimas nos olhos.
É tempo de teletrabalho e, depois de os meus meninos terem terminado um trabalho que já estavam a fazer, hoje arriscamos uma aula por videoconferência através do ZOOM. Que bom foi vê-los, mesmo à distância, ouvi-los, brincar com eles. Eram vinte e sete na minha "sala de aula", atentos, interessados. Estivemos os 90 minutos a que tínhamos direito a trabalhar em conjunto. Revimos matéria, trocámos impressões, leram, fizemos exercícios.
Hoje, os meus heróis foram eles. Não consegui deixar de exclamar no fim: "Gosto mesmo de vós".
Hoje, o teletrabalho, devolveu-me um pálido reflexo da minha sala de aula, ainda ssim tão precioso.
Vai-te daqui, COVID-19.