Livros 2023 - Lista que ninguém pediu, mas que eu ofereço (parte I)
Feliz 2024,
Como houve tolerância de ponto para hoje, creio que se pode entender o dia 2 como uma extensão do dia 1 e ninguém leva a mal que eu apresente hoje o meu balanço de leituras do ano 2023. Afinal isto é ou não um blog sobre livros?
Deixo uma listagem com classificação, numa escala cientificamente válida, que vivemos num século em que há estudos para tudo.
janeiro/2023 (foi o mês em que li mais, quase acreditei que, em 2023, seriam os 52 livros, pois, mas não foram...)
A família Netanyahu, Joshua Cohen - recomendo como interessante
Os anos, Annie Ernaux - para os nascidos em Portugal na década de 70 perceberem que em França nem tudo são rosas e que há mais pontos em comum com Portugal do que o facto de sermos um pais de emigrantes faria supor. Creio que é um livro que não devem deixar para trás;
O perfume das flores à noite, Leila Slimani - eu gostei, porque eu acho que a Leila escreve bem e tudo o que quer. No entanto, sei que é um livro que agradará mais a um público mais vocacionado para o estudo da Literatura, ou aqueles que se interessam pelo ofício do escritor. Há outros títulos desta escritora que considero mais "universais";
O acontecimento, Annie Ernaux - incontornável, para que saibamos o horror que foi para muitas mulheres entregarem-se a curiosas que faziam abortos clandestinos, para travarmos um pouco antes de julgarmos quem quer que seja. Mais uma vez, França e Portugal empatam;
Roteiro Afetivo das Palavras Perdidas, António Mega Ferreira - Mega Ferreira é um dos meus escritores favoritos. Adorei este livro. Traz-nos o sabor nostálgico de coisas muito próprias da nossa identidade, além de suscitar esse fascínio que as palavras exercem sobre nós, em constante evolução, nascendo, vivendo e também morrendo, como tanta coisa que nos passa pela vida;
Flecha, Matilde Campilho - se tiverem outras coisas para lerem também não é preciso irem a correr. É curioso, é criativo, é original, mas nada de perder a cabeça. Esperem um pouco mais, que há melhor lá mais à frente.
A Mais Preciosa Mercadoria, Jean-Claude Grumberg - Uma pequena pérola, que se lê numa horinha, é importante, é preciso, mesmo que não queiramos, voltar ao horror do passado, mas, a fazê-lo que seja em modo sério e não a brincar aos campos de concentração, onde parece que havida de tudo, menos o que realmente havia, que era o desespero mais desesperançado. Eu sei, tenho alguns preconceitos, mas não sou perfeita.
O jovem, Annie Ernaux - Esta autora, de quem li 4 livros, foi-se impondo como uma mulher de coragem, por abordar sem pudores, nem sensacionalismos, temas que fazem de nós aquilo que somos: humanos.
Uma paixão simples, Annie Ernaux - ler a apreciação anterior.
Fevereiro 2023 - ainda com fôlego
Medeia e os seus filhos, Ludmila Ulitskaya - se quiserem passar de nível na leitura, este é um bom livro para se desafiarem. Eu gostei imenso, fez-me uma vontade enorme de viajar para a Crimeia, fez-e perceber porque lamentamos tanto o que acontece nesse ponto do globo. A Crimeia surge quase como personagem neste livro, um lugar quase paradisíaco. Foi o segundo livro que li desta autora. entretanto saiu outro em Portugal, que já está na minha lista para 2024.
Vejam como dançamos, Leila Slimani - É agora: leiam tudo o que Leila Slimani publicou em Portugal. Este livro dá continuidade a Vejam como dançamos e é realmente muito bom. É uma escritora a manter debaixo de olho, porque se mostra versátil, ainda nunca desiludiu.
Shuggie Bain, Douglas Stuart - É mais ou menos isto: a Irlanda a empatar com Portugal, no que a uma certa indigência diz respeito. Uma história de amor de um filho pela mãe em modo autodestruição, que nos absorve como um buraco negro. Mesmo muito bom.
O segredo do Meu Marido, Liane Moriarty - Entretenimento. Trama que prende, persiste na memória até o terminarmos. Muito cinematográfico.
Março 2023 - agora é sempre a descer (às vezes, a vida passa-nos uma rasteira e quem se lixa é a leitura)
Um gentleman em Moscovo, Amor Towels - Imperdível! Leram bem, este livro devia ser leitura obrigatória. Tem a enorme e surpreendente qualidade de nos fazer querer ser melhores pessoas. É uma espécie de manual para voltarmos a ser empáticos, resiliente, educados, já agora, argutos e - a maior lição do livro - para não darmos "o gostinho" aos nossos inimigos, ou vá, a quem nos quer chatear.
Abril 2023 - Ou me esqueci de tomar nota, ou parece que não li nada. É triste!
Maio 2023 - em esforço para retomar
O Palácio de Papel, Miranda Cowly - Detestei. Mas tinha gasto o dinheiro, portanto li. Também estava a passar um fim de semana e não tinha mais nada para ler. Desiludiu-me o livro e desiludiu-me a Reese Waterspoon, que o recomendou no seu clube de leitura. Portanto, numa palavra, detestei... é que me irritou.
As regras da cortesia, Amor Towels - regressa aos autores que te fizeram felizes, mas nem sempre é a mesma coisa. Mas cumpriu. Li sem tédio, mas o anterior era tão melhor, a fasquia tinha ficado tão alta.
Junho 2023 - foi só um
Rua Katalin, Magda Szabó - de vez em quando, mesmo contra todas as expectativas, é preciso apostar. Façam isso por este livro, é de uma delicadez, de uma doçura, a narrar coisas tristes da nossa hstória... quase como os Atos Humanos. Podem incluir como desafio de leitura, valerá bem a pena.
Acredito que poucos terão chegado aqui, que o texto é demasiado longo. Ainda bem que não li os tais 52 livros. Continuarei amanhã, esperando não desiludir quem acha que precisa disto para alguma coisa.