Nunca me deixes, Kazuo Ishiguro
Estou a ler um outro livro de Kazuo Ishiguro e lembrei-me deste, que foi o primeiro livro que li deste autor. Não me recordo bem como é que cheguei a Ishiguro, mas lembro-me de a minha filha ter brincado comigo assim que saí da barraquinha da Gradiva, afinal nunca tinha lido nada do autor, mas comprei logo três livros. Não sei se isto é otimismo, se é leviandade, se é loucura, se é viver no limite.
A verdade é que peguei neste primeiro e levei-o comigo nas férias. Dois dias foi quanto ele me durou. Revelou-se uma leitura intrigante. Desde a primeira página, a subtileza dos indícios deixou-me presa à narrativa. Era mesmo urgente a necessidade de perceber. E, ao longo da leitura, quando os indícios se tornaram peças de um jogo de encaixe que passou a fazer sentido, fui sendo avassalado por uma multiplicidade de sentimentos: comovida, horrorizada, incrédula, sensibilizada e abalada pela vontade de mudar o curso daquela história. Isto acontece-me com frequência: não me consigo resignar ao desenlace de um livro - situação que me é muito difícil ultrapassar.
Não posso fazer revelações sobre este livro. Se há por aqui um leitor que tenha ficado interessado, NÃO PROCURE NADA SOBRE O LIVRO! NÃO LEIA A SINOPSE! NÃO LEIA CRÍTICAS! Leia o livro, a frio.
Gostei tanto deste livro, é tão delicado, está tão bem escrito, tão bem imaginado. É tão humano e tão desumano aum só tempo. Mais uma lição.