Onde estás, poesia?
A horas mortas, penso nas palavras.
Queria escolhê-las como quem escolhe entre a vida e a morte.
Queria encontrá-las como quem encontra o objeto perdido.
Queria sabê-las como quem as sabe.
Queria compô-las como quem cria.
A horas mortas, sonho com as palavras.
E não escolho as sublimes,
E não encontro as veementes,
E não as sei,
E não consigo criar.
A horas mortas,
naufraga na praia, sedenta à beira do poço,
Fico em silêncio, à espera de uma maré que não sobe.
Eterna baixa-mar da poesia.