Post sem livros lá dentro - isolamento social e teletrabalho
Hoje fiquei em casa, a trabalhar à distância.
Não fossem as circunstâncias que ditaram estas circunstâncias, teria sido a realização de um sonho.
Diz-se, e bem, que vivemos quase um cenário de guerra. O nosos inimigo é silencioso e invisível, mas eficaz. Ainda assim, a forma de combatermos esta guerra não é a pior. Daí que tenha, durante todo o dia, tentado encarar as coisas pelo lado positivo.
Filhos em casa, protegidos, seguros, pelo menos até decorrerem 14 dias e se o pai e a mãe, quando saírem, observarem todos os procedimentos de sgurança.
Temos papel higiénico! (não resisti).
Tomar o pequeno-almoço de pijama.
Estar com os filhos - ao contrário dos piores cenários - tem sido uma co-vivência tranquila, doce e muito divertida. A net e o filão inesgotável do humor tecido à volta desta pandemia têm sido preciosas.
Poder trabalhar. Saber que temos obrigações, prazos a cumprir, que há pessoas à nossa espera e poder fazê-lo em segurança é um privilégio!
Fazer uma caminhada - obsevando a distância social, cruzei-me com cino desconhecidos - ainda com a luz do sol. Sentir o calor no rosto, sentir a paz.
Tomar um banho à chegada a casa e vestir roupa lavada e as endomorfinas disseram ao meu cérebro que eu tinha ido à praia e eu não as desmenti.
Como cuidados de beleza, apenas operações de manutenção: limpeza e hidratação. Mesmo assim, passei creme pelo corpo, operação que, muitas vezes, às 07:00 da manhã era assegurada com o pensamento: ponho amanhã.
Cabelos como Deus quiser. Que bom. Não preciso de tentar adivinhar se os outros ao olharem para mim estão a pensar como eu que o meu cabelo é um "nojo".
O sítio onde vivo respira uma atmosfera como se fosse agosto e toda a gente tivesse saído para parte incerta. Ainda tive de franzir a testa quando passei pelo único café teimosamente aberto, onde conviviam pacificamente uma dezena de pessoas. Irresponsáveis!
Casa arrumada. Roupa passada. Cesto de roupa vazio. Isto é absolutamente inédito.
Há muita coisa boa nisto tudo. É uma questão de perspetiva. Se é isto que me é pedido. Contem comigo.
Há só um pensamento insidioso que me perturba: pensar na aflição daqueles a quem foi diganostico o vírus, os seus familiares. Os médicos e pessoal de saúde a lutarem pela vida de alguém que não consegue respirar. Os nossos governantes a quem, desde que nos lembramos, nunca tanto foi pedido.
E, ao contrário, do que acontece nos dias de rotinas militares, ainda não acertei os ponteiros com a leitura. Me aguardem.